E eu evaporei. Assim, de repente, diante do calor de mais de 40 graus do Rio de Janeiro. Ninguém no ônibus reparou, mas comecei a flutuar e a sair pela janela. Agora que evaporei, talvez eu chegue na faculdade mais rápido, pensei. Mas estava enganado. Eu não poderia seguir ao meu destino. Ao invés, não parava de subir e subir. E em pouco tempo, a cidade maravilhosa ficou distante. Me acomodei em uma nuvem. Tive um pouco de sorte, notei que os ventos me sopravam na direção certa. Eu não saberia dizer se a nuvem era composta por outros cariocas, ou se eu era o único privilegiado. A sensação de ser um com a nuvem era maravilhosa. O vento não apenas acariciava meu rosto, como também me atravessava suavemente.
Uma viagem assim era muito melhor do que enfrentar o trânsito caótico da cidade. O sol raiava como nunca e o céu permanecia azul. Exceto pela minha pequena nuvem e uma cinzenta que se aproximava. Comecei a temer uma colisão, e logo foi que aconteceu. Estava me sentindo instável, como uma rolha de champagne prestes à ser lançada ao ar. E com a pressão eu voei. Fui caindo e caindo. As gotas em volta de mim eram grossas e rudes. Nunca as tinha visto tão grandes assim. Fui caindo e caindo. Me senti saltando de um avião sem meus paraquedas. Minha trajetória sem destino certo. Com o reflexo do sol, colaborei com o arco íris que pincelava o céu acima do Cristo. Fui caindo e caindo. Eu me aproximava da cidade. Não queria que aquilo tivesse fim, e muito menos que eu me esborrachasse. E de repente, tudo ficou cinza. Talvez eu tivesse caído no chão. Fiquei desnorteado deslizando de um lado para o outro por uma superfície lisa. Até que fui incorporado a algo maior do que eu. Com a minha perna direita, tentei me erguer. Percebi que tinha pernas novamente. Ainda encharcado, comecei a andar pelas ruas. Ninguém percebeu que uma pessoa tinha ressurgido de uma poça. Talvez imaginaram que eu tivesse caído nela. Com o sol forte, fiquei seco rapidinho. E assim corri para o meu destino antes que fosse evaporado outra vez.
Uma viagem assim era muito melhor do que enfrentar o trânsito caótico da cidade. O sol raiava como nunca e o céu permanecia azul. Exceto pela minha pequena nuvem e uma cinzenta que se aproximava. Comecei a temer uma colisão, e logo foi que aconteceu. Estava me sentindo instável, como uma rolha de champagne prestes à ser lançada ao ar. E com a pressão eu voei. Fui caindo e caindo. As gotas em volta de mim eram grossas e rudes. Nunca as tinha visto tão grandes assim. Fui caindo e caindo. Me senti saltando de um avião sem meus paraquedas. Minha trajetória sem destino certo. Com o reflexo do sol, colaborei com o arco íris que pincelava o céu acima do Cristo. Fui caindo e caindo. Eu me aproximava da cidade. Não queria que aquilo tivesse fim, e muito menos que eu me esborrachasse. E de repente, tudo ficou cinza. Talvez eu tivesse caído no chão. Fiquei desnorteado deslizando de um lado para o outro por uma superfície lisa. Até que fui incorporado a algo maior do que eu. Com a minha perna direita, tentei me erguer. Percebi que tinha pernas novamente. Ainda encharcado, comecei a andar pelas ruas. Ninguém percebeu que uma pessoa tinha ressurgido de uma poça. Talvez imaginaram que eu tivesse caído nela. Com o sol forte, fiquei seco rapidinho. E assim corri para o meu destino antes que fosse evaporado outra vez.